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Review: The Alters

Lute contra o tempo criando clones ramificados de si mesmo em uma aventura que traz o melhor da ficção científica.


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É curioso ver como um estúdio que começou com um pequeno jogo para celular e Windows, como Anomaly, tenha se transformado em algo tão grandioso, hoje comparável a diversos títulos consagrados da indústria. O grande diferencial da 11 bit Studios sempre foi a criatividade, algo que se destacou especialmente em This War of Mine, até então o maior sucesso da equipe. Essa abordagem única é algo que falta em muitos jogos de grande orçamento atualmente.

The Alters parece representar o ápice dessa evolução. Aqui, vemos uma combinação poderosa de mecânicas já exploradas em títulos anteriores, somadas a inovações que provavelmente exigiram anos de desenvolvimento. O resultado é um jogo que merece destaque dentro do gênero de ficção científica, mesmo para quem não tem familiaridade com ele.

Estamos diante de um título — e possivelmente do início de uma franquia — com grande potencial de sucesso. Espero que essa trajetória continue por muito tempo.



INTRO

Controlamos Jan Dolski, um operário espacial que, após uma alteração inesperada na rota de sua missão, acaba preso em um planeta desabitado. Sem qualquer forma de comunicação, somos lançados em uma jornada solitária e carregada de tensão. Pouco após o pouso forçado, encontramos a cápsula da capitã, já sem vida, provavelmente morta durante o impacto.


É a partir daí que iniciamos a busca desesperada pelo paradeiro da tripulação.

A ambientação inicial é um espetáculo à parte. O planeta onde estamos encalhados, transmite uma atmosfera densa e ameaçadora. Poucos passos depois do local da queda, encontramos nossa base móvel e corremos para alcançá-la, motivados pelas condições hostis e pela descoberta perturbadora de que toda a tripulação está morta. O mais assustador: eles não morreram no impacto. Algo mais misterioso aconteceu.


É dentro dessa base que The Alters revela sua maior força. A jogabilidade é inteiramente centrada na rotina diária de Dolski, que deve administrar horas e recursos com precisão cirúrgica. A visão da base lembra muito a de Fallout Shelter, com setores bem divididos como estoque, cabine do capitão, centro de comando e sala de comunicações.


No setor de comunicações, conseguimos estabelecer contato com um sistema externo. Recebemos mensagens de uma voz desconhecida, em meio a interferências, que nos informa: o planeta caminha rumo à colisão com uma estrela. Nosso tempo é curto. Precisamos encontrar uma forma de sobreviver até conseguirmos escapar.



O DIFERENCIAL

Em determinado momento do jogo, após certa quantidade de recursos coletados, temos acesso ao Computador Quântico. Dentro dele, encontramos a história do nosso protagonista, desde a infância até os eventos que o levaram à situação atual. É um trecho impactante, com uma narrativa crua e real. Vemos, por exemplo, a morte da mãe, em um momento em que sequer houve tempo para uma despedida. Também presenciamos o surgimento do primeiro amor, Lena.


É curioso que, nessa parte da história, o protagonista comenta que não suporta multidões — algo irônico, considerando que ele acaba isolado em um planeta completamente desabitado.

Com o passar dos capítulos, vemos como o protagonista vai, aos poucos, se transformando em uma figura semelhante ao próprio pai, que bebia e gritava com a mãe. O fracasso do personagem, revelado aos poucos por meio dessa narrativa complexa, é algo que só enriquece a profundidade emocional de The Alters.

Toda a narrativa do jogo gira em torno de um homem comum, até seu envolvimento no Projeto Dolly.

A história começa a se ramificar de forma impressionante quando acessamos o Computador Quântico. Ramificar, nesse contexto, significa alterar nosso próprio DNA e a linha da nossa história para gerar uma nova versão de nós mesmos. É um processo de clonagem do personagem principal, mas com variações fundamentais em sua trajetória de vida. Ainda somos nós, porém com decisões diferentes tomadas no passado.

Isso abre um leque de possibilidades tão grande que é algo que eu nunca tinha visto em um jogo. Inicialmente, as ramificações são poucas e servem apenas como introdução, mas rapidamente percebemos que estamos criando versões alternativas de nós mesmos, com histórias completamente diferentes.

A primeira ramificação, por exemplo, mostra o que teria acontecido se, em vez de irmos embora e confrontarmos nosso pai, tivéssemos ficado ao lado da nossa mãe e seguido para a universidade. Como seria nossa vida se apenas uma dessas escolhas tivesse sido diferente?

É nesse momento que descobrimos o verdadeiro potencial de The Alters e, de fato, o jogo começa para valer.



GAMEPLAY


Durante o dia, é possível sair da base para coletar recursos no planeta. Essa mecânica é um dos grandes destaques do jogo. A forma como o tempo é manipulado e acelerado durante a coleta é visualmente impactante e adiciona um senso de urgência raro. A radiação constante impõe limites reais à exploração.


Extrair minérios e água torna-se essencial, pois esses recursos sustentam a base e mantêm Dolski vivo durante a contagem regressiva para o fim.

O sistema de construção da base é outro ponto alto. Não se trata apenas de manter o que já existe funcionando. Podemos criar novos módulos, modificar espaços e planejar melhorias estratégicas, tudo dentro de uma janela de tempo apertada. A cada nova estrutura construída, temos a sensação de estarmos nos preparando, mesmo que minimamente, para o inevitável.

A partir do momento em que construímos uma oficina, temos acesso à criação de novos itens. É um sistema semelhante à mineração, pois gastamos nosso tempo de forma acelerada, exigindo que manejemos com cuidado como e quando vamos utilizá-lo.


Temos uma das construções chamada "Ventre", temos acesso a um tipo de material genético encontrado em um mineral espalhado pelo planeta. Inicialmente, conseguimos gerar criaturas a partir desse material e logo criamos uma ovelha chamada Molly(em referencia clara a ovelha Dolly, primeiro mamifero a ser clonado com sucesso na história).



Para nossa coleta de recursos, será necessário, além da mineração, a construção de postos avançados.


A partir do momento em que acordamos o nosso primeiro alter, já precisamos lidar com suas frustrações e questões pessoais. Afinal, ele é um clone nosso, com consciência própria, e interagimos com ele por meio de diálogos nos quais podemos tentar amenizar a situação.

Esse primeiro alter possui habilidades mecânicas e, por isso, é extremamente útil para resolver os problemas que estamos enfrentando na base. A partir da ajuda dele, novas ramificações da nossa história e da nossa base de relacionamentos começam a se formar.




ACHIEVEMENTS

Os achievements em The Alters são curiosos e divertidos. Por um lado, temos momentos leves, como fazer carinho na ovelha clonada. Por outro, a maioria das conquistas está diretamente ligada ao que o jogo propõe. Nada de objetivos absurdos como coletar 1000 pombos; aqui, as metas envolvem aprofundar o relacionamento com seus alter-egos ou completar determinadas missões da história. É o que eu chamo de equilíbrio perfeito: as conquistas não são maçantes e permitem que o jogador as alcance de forma natural, se divertindo ao longo da jornada.




TRAILER OFFICIAL


CONCLUSÃO


The Alters apresenta uma sequência narrativa tão impressionante, marcante e única que fazia tempo que eu não via algo assim em um jogo. Não é à toa que eu aguardava tanto por essa análise. Para mim, mesmo com alguns pequenos problemas técnicos, talvez este seja o grande jogo do ano.

O jogo é brilhante. A ideia de ter vários alter egos clonados, cada um com histórias diferentes baseadas nas decisões que você já tomou, é simplesmente de tirar o fôlego.


Acredito que a experiência adquirida em Frostpunk fez total diferença na gameplay ramificada de The Alters. Já naquele jogo, os desenvolvedores exploraram a ideia de tomar decisões que impactavam diretamente o rumo da cidade, conduzindo o jogador por caminhos completamente diferentes ao longo do tempo. Essa mesma magia está presente aqui, e espero que esse tipo de sistema continue sendo adotado em futuros títulos da empresa.


Certamente The Alters é um daqueles jogos Must Have, daqueles que você precisa experimentar. São poucos os títulos com esse nível de qualidade que surgem anualmente, e talvez este seja o melhor jogo que já tive o prazer de analisar. Não é por acaso que estou de olho nele há muito tempo. Já faz praticamente um ano, talvez até mais, que espero por essa oportunidade. Desde o anúncio, eu sabia que o estúdio responsável por Frostpunk não entregaria nada menos do que uma experiência inovadora e única, e felizmente eu estava certo.


De vez em quando, encontramos jogos que marcam a nossa trajetória como jogadores. The Alters tem tudo para ser esse tipo de jogo para muitas pessoas. Para mim, ao lado de Expedition 33, é o principal candidato a jogo do ano.


Este é o primeiro jogo ao qual dou nota 10 na história das minhas análises, e é uma nota mais do que merecida. Trata-se de uma experiência completamente diferente de qualquer outro jogo que você vá encontrar.








NOTA:10/10



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