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Review: Routine

Silêncio, solidão e máquinas que observam.


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Routine aposta em um tipo de horror mais psicológico, alimentado pela sensação constante de isolamento. Logo no capítulo Nascimento, despertamos em uma cama sem qualquer contexto claro, com apenas um terminal próximo exibindo uma mensagem vaga sobre um engenheiro de software externo e uma reunião marcada. Essa abertura já sinaliza o tom do jogo. A narrativa é fragmentada e depende de exploração, coleta de documentos físicos e leitura de panfletos espalhados pelos cenários para entender o que aconteceu na base lunar.


É um projeto independente de Aaron Foster, que depois formou o estúdio Lunar Software com Jemma Hughes e Pete Dissler. O jogo passou por anos de pausa e reconstrução até receber apoio da Raw Fury. Sua estética retrofuturista dos anos 80 e parte da trilha de Mick Gordon definem o tom de terror silencioso e claustrofóbico que guiou toda a produção.



GAMEPLAY


A movimentação pode ser um ponto de dificuldade dependendo do jogador. A combinação de comandos, como espaço junto com shift e S para agachar, tende a ser menos intuitiva que o padrão moderno. É algo que exige repetição e pode causar estranhamento principalmente nas primeiras horas.


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O jogo não utiliza HUD tradicional. Quase todas as informações são transmitidas pelo equipamento C.A.T., a ferramenta que funciona como lanterna, scanner, interface e arma improvisada. A ausência de um ponto central de mira também afeta a precisão e pode gerar desconforto em interações mais sensíveis, já que não há indicação visual clara de onde o cursor está posicionado.


Salvar o progresso também faz parte da ambientação. Em vez de menus convencionais, o jogador utiliza projetores que encontram pelo caminho. Esse sistema contribui para a imersão, embora ocasionalmente limite o ritmo de exploração se o jogador estiver longe de um ponto seguro.


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 A presença de modulos que alteram parâmetros da CAT, como brilho e taxa de atualização, adiciona um charme retrô, mas também aumenta o cuidado necessário para explorar os setores escondidos da base lunar. Tudo isso se combina para criar uma exploração lenta, tensa e sempre vulnerável, culminando em um final alternativo que depende diretamente da forma como o jogador sobrevive a essa jornada.



VISUAIS E SOM


Aqui o jogo impressiona de forma consistente. A estética é fiel ao estilo de ficção científica dos anos 80 e 90, com ambientes que lembram produções clássicas da época. Todos os cenários foram construídos com atenção ao clima de abandono, silêncio e desgaste. A base lunar transmite uma sensação de lugar esquecido, reforçando continuamente o desconforto.


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A paleta visual, a iluminação e o design dos corredores criam um ambiente claustrofóbico eficiente. Ver o cenário pela primeira vez já destaca o quanto o jogo valoriza a identidade estética.


A trilha e o design de som são igualmente importantes. Muitos momentos dependem de ruídos distantes, ecos metálicos, variações de pressão e sons mecânicos. O silêncio, quando surge, tem um peso significativo e sustenta boa parte da tensão psicológica.


A trilha sonora também merece destaque especial graças ao trabalho de Mick Gordon, compositor conhecido por criar atmosferas intensas e marcantes. Ele já esteve por trás de trilhas de grande impacto como Doom de 2016, Wolfenstein II The New Colossus de 2018 e novamente Doom em suas versões mais recentes. É um nome de peso e sua assinatura sonora ajuda a sustentar a sensação constante de tensão, isolamento e ameaça que o jogo busca transmitir.



ACHIEVEMENTS


Infelizmente, durante o período da análise o jogo ainda não contava com conquistas habilitadas. Também não foi possível visualizar uma lista oficial para destacar ou avaliar esse aspecto. Quando as achievements forem adicionadas, essa parte da experiência poderá ganhar um complemento importante, especialmente para quem gosta de completar 100 por cento de progresso.


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TRAILER OFFICIAL



RESUMO


Routine é um jogo que foca na solidão como principal fonte de tensão. Ele entrega uma ambientação forte, uma estética consistente e uma proposta que aposta mais no desconforto psicológico do que em ação. A ausência de HUD cria imersão, embora traga alguns pequenos desafios mecânicos, especialmente no início, quando comandos menos intuitivos podem atrapalhar a fluidez.


A narrativa fragmentada, os ambientes detalhados e a fidelidade visual aos anos 80 e 90 tornam a exploração da base lunar envolvente. Mesmo com pequenas dificuldades técnicas e com a dependência de pistas ambientais para compreensão da história, a experiência permanece intensa e coerente com o que o jogo se propõe a ser.


Routine se destaca como uma jornada silenciosa, fria e tensa, guiada pela curiosidade e pelo desconforto constante de estar sozinho em um lugar que claramente não queria ser reencontrado.

Review by Gamertag: Scoulz


SCORE: 84/100



 
 
 

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