Se o Dia da Marmota acontecesse num futuro distópico, ele seria como em Three Minutes To Eight.
O JOGO
Three Minutes To Eight é um jogo de puzzle point and click desenvolvido pela Chaosmonger Studio e distribuído pela Assemble Entertainment. Num futuro distante, acompanhamos a história do protagonista sem nome, que acorda desmemoriado em seu apartamento enquanto seu interfone toca incessantemente. Enquanto tenta entender o que está acontecendo, ao completar 19h57 no relógio, ele morre. Porém, logo está de volta ao seu apartamento, como se nada tivesse acontecido. E, às 19h57, novamente, ele morre. E o ciclo continua, sempre morrendo no mesmo horário e de formas diferentes. Assim, nosso protagonista tem um tempo curto para explorar tudo e descobrir o que está acontecendo.
MINHAS IMPRESSÕES
A premissa do jogo é simples. Você tem um curto período de tempo para explorar o mapa e descobrir algumas formas de chegar em algum dos finais propostos. Eu teria gostado da ideia, se ela não fosse tão aleatória. Muitos finais não tem ligação um com outro, alguns sendo completamente sem sentido. Não consegui sentir empatia com o protagonista, muito menos ligar pra qualquer fim que ele tivesse, porque é tudo muito aleatório. Se fosse uma história mais no eixo e que tivesse ramificações ao seu decorrer, seria ótimo. O jogo está em Português-Brasil, o que é de bastante ajuda para entender o que se deve fazer ou para onde ir.
Outra coisa que me incomodou demais é o tanto de elementos inúteis e/ou repetitivos. Você tem um botão que te mostra literalmente tudo que é possível interagir no cenário, mas metade delas (talvez até mais) é completamente descartável, não te dá informação relevante ou sequer conta alguma história. Além disso, existem eventos que sempre acontecem, independente do que você faça, que te freiam na sua jogada e começam a ficar irritantes depois de certo tempo, como por exemplo, quando você entra no seu apartamento e sua namorada aparece. Ocorre uma animação, um diálogo, abre uma seleção de respostas, ela responde e acontece outra animação. Existem sim finais que precisam desse evento, mas quando não, é um saco. Você só quer continuar, mas é parado por esse momento.
Eu sinto que o jogo tenta ser mais ambicioso do que consegue executar. Apesar da arte do jogo ser linda e a dublagem ajudar a ambientar e dar vida aos personagens, essa aleatoriedade faz tudo ser em vão. Alguns personagens podem ou não aparecer em cada loop, o que é uma forma bem chata de manter o jogador no jogo. Tinha potencial pra ser algo bem único, mas se perdeu em sua ambição.
CONQUISTAS
Basicamente, ao completar todos os finais possíveis, você conseguirá uma conquista relacionada à eles. Além disso, existem conquistas sobre quantos loopings temporais você já teve, mas você conseguirá essa conquisa normalmente ao ir tentando descobrir todos os finais. Não tem muito segredo aqui, o 100% vem fácil se você terminar o jogo de todas as formas possíveis.
CONCLUSÃO
Infelizmente, o jogo me perdeu em muitos aspectos. Como disse, ele deveria ser mais contido para que você tenha algum apego em algum aspecto do jogo, seja a história ou as personagens. Eu senti que Three Minutes To Eight tentou ser um The Stanley Parable 2D, com finais fora da casinha, com dilemas morais e até cômicos. E quando você já jogou esse clássico, dificilmente alguém chega perto de fazer tão bem. Por Three Minutes To Eight não ter uma história fixa e um final real, parece tudo sobre um multiverso, já que muitos finais não conversam um com os outros e até se contradizem em alguns momentos.
Queria ter gostado mais do jogo, mas, pra mim, ele é muito inconsistente e travado, tanto na jogabilidade quanto na história. Se a ideia do criador do jogo era essa mesmo, tudo bem, mas não me agradou. Por mais que você consiga levar itens de um loop pra outro, evitando refazer vários processos, muitos diálogos são repetitivos e cansativos. A ideia geral tem bastante potencial, mas não foi bem executada. Se for melhor polida, talvez fique mais interessante. Mesmo assim, sei que o criador do jogo se esforçou bastante, então dou valor para seu trabalho, mesmo que não tenha me agradado em alguns aspectos.
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