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Review: Death Howl

Uma jornada espiritual, sombria e implacável construída com profundidade e propósito


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Death Howl se apresenta como uma fusão ousada entre soulslike, deck-builder e RPG tático por turno. É um projeto que aposta em um mundo espiritual melancólico dividido em quatro reinos e 13 regiões, sempre guiado pela busca desesperada de Ro, uma caçadora que decide atravessar as fronteiras entre vida e morte para tentar trazer seu filho de volta. A estrutura lembra um soulslike principalmente pela dificuldade elevada e pelo peso das decisões, enquanto o coração do combate gira em torno da construção do deck.



GAMEPLAY


Cada encontro utiliza um sistema de grid por turnos onde cada ação exige energia, tanto para movimentação quanto para utilização de cartas. Esse consumo constante exige atenção, ritmo e leitura estratégica. Explorar o mapa, enfrentar inimigos e vencer batalhas garante itens que caem no chão e também pontos que permitem desbloquear e criar novas cartas ao longo da jornada.


É um sistema que recompensa experimentação e incentiva o jogador a aperfeiçoar o deck conforme avança.


O início pode parecer brutal, especialmente enquanto o jogador está aprendendo a analisar padrões de inimigos, custos e combinações. Mas a curva começa a fazer sentido quando certas cartas se revelam essenciais, como a da raposa, que oferece dano em área com baixo custo ao preço de descartar cartas aleatórias. É nesse momento que Death Howl mostra suas camadas, permitindo que cada jogador encontre seu próprio estilo de jogo.

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A decisão entre se curar ou usar o score para criar novas cartas adiciona outra camada de peso e risco. O jogo premia construção, planejamento e ousadia. Em caso de derrota, o jogador retorna ao quadrado anterior do mapa mantendo a vida atual, o que reduz a frustração sem eliminar a tensão. É possível tentar o combate novamente mais preparado ou simplesmente voltar depois, e essa liberdade reforça o ritmo natural de experimentação e domínio das mecânicas.



Death Howl é viciante, fluido e inteligente na forma como constrói seus desafios. É um título que funciona especialmente bem em dispositivos portáteis. Jogando no ROG Ally, a resposta de comandos, a clareza visual e o ritmo dos combates criam uma experiência extremamente confortável e adaptada. A mesma estrutura funciona perfeitamente em PC ou console, mas a portabilidade realça ainda mais sua proposta de progressão lenta e estratégica.



VISUAIS E SOM


A direção artística da The Outer Zone é um dos grandes destaques do jogo. A pixel art é detalhada, expressiva e cuidadosamente animada, criando um mundo espiritual que parece quebrado, triste e carregado de melancolia. As quatro regiões apresentam tons próprios, criaturas únicas e cenários que refletem o estado emocional da protagonista. Cada área transmite algo diferente sobre dor, perda ou memória.


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A ambientação é consistente, com biomas que reforçam o clima sombrio e uma paleta que mistura o místico ao esotérico. A sensação de solidão é constante e bem trabalhada, fazendo com que cada encontro pareça significativo.


A trilha composta por Chris Bjørumslet e Malte Burup acompanha essa temática com muita precisão. É marcada por camadas sombrias, sons sutis, atmosferas densas e uma melancolia profunda que permeia toda a jornada. Os trechos mais silenciosos são tão importantes quanto os mais intensos, e tudo contribui para criar um estado emocional contínuo de introspecção, dúvida e inquietação. O som é parte essencial da experiência e reforça o clima espiritual, frio e enigmático que define Death Howl.



ACHIEVEMENTS


Death Howl traz uma lista pequena de conquistas, todas totalmente vinculadas ao progresso dentro do mundo espiritual. Cada achievement representa uma etapa importante da jornada e exige atenção redobrada para ser completada. Assim como o próprio jogo, elas seguem um padrão de dificuldade elevado, já que dependem de desafios naturais, resolução de pequenas quests e compreensão dos mistérios de cada região.


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Essas conquistas reforçam o foco narrativo e simbólico do jogo, funcionando como marcadores de avanço e pequenas histórias paralelas que se conectam ao tema maior da jornada de Ro. Apesar de curtas em quantidade, elas exigem exploração completa das regiões e envolvem puzzles, interações específicas e batalhas decisivas, o que as torna desafiadoras e nada triviais.


TRAILER OFFICIAL


RESUMO


Death Howl é uma experiência construída com cuidado, identidade forte e uma proposta emocional que conversa diretamente com seu mundo fragmentado. É desafiador, exige paciência e atenção, mas recompensa todas as tentativas com evolução clara e progressão sólida. A mistura de deck-builder com combate por turnos e elementos de soulslike funciona e cria uma dinâmica viciante.


A jornada de Ro é intensa e carregada de significado, e a forma como o jogo entrega essa história reforça sua atmosfera única. É um título que brilha para quem busca desafio, estratégia e ambientação emocional, especialmente em dispositivos portáteis onde sua estrutura se encaixa de maneira quase perfeita.


Death Howl se firma como uma aventura espiritual profunda, difícil e recompensadora, guiada pela dor, pela determinação e pela constante sensação de que cada passo em direção ao desconhecido pode esconder tanto uma revelação quanto uma nova ameaça.

Review by Gamertag: Scoulz


SCORE: 86/100



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